Cães de Companhia
O Cavalier King Charles Spaniel que conhecemos hoje é descendente direto dos pequenos Toy Spaniels que estão em muitas pinturas dos séculos XVI, XVII e XVIII. Os Toy Spaniels eram bastante comuns durante a época Tudor (1485-1603) na Inglaterra.
Recebeu o nome de King Charles Spaniel durante a época dos Stuarts entre 1603 e 1714, porque o Rei Charles II sempre estava acompanhado de seus spaniels. O Rei amava tanto os seus cães que criou um decreto permitindo a entrada de cachorros em todos os locais públicos, incluindo o parlamento! Essa lei continua válida na Inglaterra até hoje.
Além de fieis companheiros, os cães de colo naquela época eram utilizados para aquecer o colo e os pés das senhoras da sociedade e também como um “atrativo” para as pulgas e piolhos do ambiente e dos donos, o que era comum naquele tempo.
Nos séculos XVIII e XIX, os Toy Spaniels eram criados no Palácio de Blenheim pelos duques de Marlborough e eram muito conhecidos por suas qualidades esportivas e como cão de companhia. Do Palácio de Blenheim vem o nome da cor castanho avermelhado e branca do Cavalier, como era a cor dos cães ali criados.
Naquela época não havia exposição de cães, e portando, também não havia um padrão e tamanho definidos para cada raça, os acasalamentos eram feitos sem critério.
Entre 1837 e 1876, os proprietários de Toy Spaniel começaram a selecionar entre os Toy Spaniels, cães de cara pequena e focinho curto e plano, com orelhas baixas e compridas e cabeça arredondada, o King Charles Spaniel “moderno”. Que entrou em moda na época e quase extinguiu os Toy Spaniels. O King Charles Spaniel moderno ainda é criado atualmente e é também conhecido como Toy Spaniel Inglês.
Foi quando Roswell Eldridge, um americano amante dos Toy Spaniels, foi até a Inglaterra e ficou tristemente surpreso ao descobrir que restavam apenas os cães de focinho pequeno e achatado. Ele então incentivou a volta do Toy Spaniel oferecendo uma premiação em dinheiro para o macho e a fêmea de padrão mais semelhante a vista na época do Rei Charles II.
Os criadores do King Charles não levaram este desafio muito a sério, já que eles tinham trabalhado duro durante anos para acabar com o focinho longo. Poucas pessoas realmente interessadas continuaram a experiência de criação e ao final de cinco anos pouco havia sido alcançado. No Kennel Club Inglês a opinião era de que os cães encontrados não eram em número suficiente, nem de um único tipo, para merecer um registo de raça separada dos Toy Spaniels.
Em 1928, um cão de propriedade da Sra. Mostyn Walker de nome Ann’s Son, foi agraciado com o prêmio. Nesse mesmo ano foi fundado um clube da raça e o nome Cavalier King Charles Spaniel foi escolhido. Era muito importante que a associação com o nome King Charles Spaniel fosse mantida já que a maioria dos criadores do tipo “original” obtinham suas matrizes por meio dos cães “descartados” de rosto longo dos canis de variedade rosto curto.
Na primeira reunião do Clube, realizada no segundo dia do Crufts (maior exposição da Inglaterra de cães de todas as raças) em 1928, o padrão da raça foi redigido. O cão Ann’s Son foi exibido como o exemplo vivo da raca. Os membros do clube levaram muitas reproduções de imagens dos séculos XVI, XVII e XVIII para comparação. Ainda assim o reconhecimento da raça pelo Kennel Club Inglês ainda foi lento. Mas aos poucos as pessoas foram conhecendo o movimento de criadores em direção ao “velho tipo” do King Charles Spaniel e que vinha para ficar.
Em 1945, foi concedido o primeiro registro e também certificados de premiação, dados à alguns cães, em competições, reconhecendo o Cavalier King Charles Spaniel como raça.